Como se pode aprender através de dispositivos moveis?

De acordo com um recente estudo realizado pela Ericsson, fabricante de celulares, até 2015, 80% das pessoas que acessam a Internet irão navegar na Web a partir de dispositivos móveis. Tudo indica que o acesso a Internet por dispositivos móveis vai superar o acesso feito através computadores em menos de dois anos.

Esta mudança na forma de conexão com a Internet se mostra, quase que certamente, devido a convergência de três tendências:
  • o crescente número de dispositivos móveis que possibilitam tal acesso
  • o aplicativos e conteúdo da Web cada vez mais adaptados a tais dispositivos e 
  • o contínuo desenvolvimento das redes sem fio que suportam tais conectividades.
Que os dispositivos móveis são, na atualidade, os que mais encarnam a chamada convergência tecnológica, não há dúvida. Mas o que precisamos buscar, enquanto educadores e pesquisadores da área educacional, é o como podemos usar tais recursos convergentes em um só aparelho em favor de um processo de ensino e aprendizagem. Um processo contextualizado como a realidade dos atuais estudantes e futuros profissionais e cidadãos.


Assim, devemos refletir-agir-refletir urgentemente em como utilizar, de maneira inovadora e contextualizada com a sociedade da informação e colaboração, recursos como:
  • os da Web 2.0 como os construtores e editores colaborativos de arquivos online, 
  • os blogs, vlogs (Vídeoblogs), flogs (Fotoblogs),
  • os presentes nas redes sociais, como o Twitter, Facebook, Orkut, YouTube, 
  • os leitores de livros eletrônicos, 
  • as ferramentas de anotação,  
  • os GPS e bússolas,
  • os acelerômetros e sensores de movimento e
  • os de captura e edição de som, vídeo imagem. 
Assim vemos todos os dias que, como essas, muitas outras funcionalidades em dispositivos móveis vêm sendo desenvolvidas em um ritmo extremamente acelerado. Não obstante, vemos que os potenciais da computação móvel frete às possibilidades de aprendizagem já estão sendo explorados em vários projetos de pesquisa em nível de pós-graduação bem como em literatura específica. 

Contudo, tenho percebido que em tais pesquisas e literatura, quando abordam o como aprendemos com tais recursos na atualidade, as considerações tendem sempre a ser relacionadas à prática do ensino. Isso pode evidenciar a concepção velada de que aprendizagem só pode ocorrer dentro do contexto formal das escolas do sistema educacional e não formal como nas aulas particulares de idiomas, música dentre outras semelhantes. Assim lanço uma questão: a aprendizagem informal, não poderia nos oferecer bons subsídios para repensarmos em como os estudantes podem aprender com tais recursos tecnológicos móveis?

Aí vejo que os recursos presentes nos dispositivos móveis, quando se mostram plataformas comunicacionais inerentes ao cotidiano de nossos estudantes, podem e devem ser concebidas para além do ensino expositivista das tendências pedagógicas tradicionais. Usar a tecnologia móvel como quadros negros mais sofisticados e remotos, iPads como apostilas com recursos multimidiáticos mas que se prestam apenas à transferência e averiguação de conteúdos nos aprendentes e o YouTube como um vídeo cassete on-line móvel, onde os alunos são vistos apenas como receptores, não nos faz inovadores. Na verdade, se trabalharmos como os dispositivos móveis dessa maneira estaremos apenas repetindo práticas de ensino tradicionais de forma mais, digamos, “perfumada”.

Um vídeo interessante que nos mostra de forma alegórica o que quero dizer é:



Assim, vemos que estamos frente a um bom desafio: o da inovação não proporcionada pela simples adoção dos recursos que os dispositivos móveis nos oferecem. Estamos, na verdade, frente a um desafio de inovação da práxis educacional suportada por recursos comunicacionais. Recursos que cada vez mais se mostram libertos das telas dos desktops no sentido da presença dos espaços físicos de nossa realidade atual.

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