Pozo (2002) destaca que os processos cognitivos constituem um sistema em interação, em que a função dinâmica e adaptativa da aprendizagem torna possível a modificação funcional, se não estrutural, do restante dos processos. Contudo o mais interessante é que o autor destaca que essa função adaptativa da aprendizagem se dá através de dois processos que apesar de diferentes, se mostram complementares e totalmente articulados, ou seja, um como continuação ao outro.
O primeiro processo é o da aprendizagem associativa (implícita), do qual compartilhamos com muitas outras espécies animais. O outro sistema é o de aprendizagem construtiva (explícita), de natureza reestruturante e complexa e que se mostra como uma das características que mais nos destaca de outras espécies animais.
Um bom exemplo que me veio a mente na leitura desse capítulo é o que estou fazendo neste exato momento da escrita deste post. Quando, estamos escrevendo estamos usando os fazeres adquiridos com ambas as duas aprendizagens: a digitação e o processo de construção textual.
A digitação, que normalmente:
- se dá através de uma ação automática;
- mal consome atenção, pois não exigem esforço consciente;
- é aprendido por treinamento repetitivo e que se mostra, quando executados, idênticos (com poucas discrepâncias) à ação usada para a aprendizagem;
- é normalmente executado em condições adversas
- implica na possibilidade de se executar outra atividade simultaneamente, sem prejuízo, ou seja, ao digitarmos não pensamos nas teclas e suas posições. Apenas nos dedicamos à tarefa de construção do texto.
- não se dá através de uma ação automática;
- consome atenção, pois exigem esforço consciente;
- não é aprendido por treinamento repetitivo, pois nunca é executado de forma exatamente idêntica à ação usada para a aprendizagem;
- não é executável em condições adversas
- implica na possibilidade de se executar outra atividade simultaneamente, se e apenas se essa outra atividade dê como uma ação automática como acontece quando escrevemos um texto como esse, ao digitarmo-lo com fluência.
Para que se possa usar tal articulação, vejo a importância da utilização de indicadores específicos de cada viés educacional, para que se possa detectar o como usar as ferramentas de forma contextualizada metodologicamente. Exemplo: um fórum para a aprendizagem de um procedimento técnico em um instrumento musical, não é o mais recomendado. Tampouco a utilização de recursos e-Learning tipo os utilizados em padrão SCORM em Computer e/ou Web Based Training para a construção critico-reflexivo de conceitos filosóficos.
Referência:
Pozo, J. I. Aprendizes e mestres: a nova cultura da aprendizagem; trad. Emani Rosa - Porto Alegre: Artmed 2002.